sábado, 28 de fevereiro de 2009

As maiores coisas que o homem pode encontrar na vida.

O chefe da tribo perguntou:
— Quais são as maiores coisas que o homem pode encontrar na vida?
Nos círculos bárbaros, esse é o tipo de conversa que se deve ter para manter o moral alto.
O homem à sua direita bebeu a mistura de leite de zebra com sangue de gato e respondeu o seguinte:
— O horizonte árido da estepe, vento no cabelo e um bom cavalo debaixo da gente.
O homem da esquerda disse:
— O grito da águia branca nas alturas, a queda de neve na floresta e uma flecha de verdade no arco.
O chefe da tribo assentiu e opinou:
— Com certeza, é a visão da morte dos inimigos, a humilhação de toda a sua tribo e o choro de suas mulheres.
Houve um murmúrio generalizado de aprovação às palavras ultrajantes.
Então o chefe se virou com todo o respeito para o convidado, um homem pequeno que tratava, perto do fogo, de aquecer as inflamações produzidas pelo frio, e falou:
— Mas nosso convidado, cujo nome é uma lenda, deve nos dizer a verdade: quais são as coisas que o homem pode considerar as melhores da vida?
O convidado se deteve no meio de outra tentativa frustrada de acender o cigarro.
— O que dische? — perguntou ele, soprando pela banguela.
— Quais são as coisas que o homem pode considerar as melhores da vida?
Os guerreiros se inclinaram para a frente. Era algo que valia a pena ouvir.
O convidado pensou bastante e então, decidido, respondeu:
— Água quente, um bom dentischta e papel higiênico machio.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Para se visitar neste verão!

Visitem Ankh-morpork, pérola de cidade! ...

‘...É claro que essa não é uma descrição muito exata - a cidade não era redonda nem brilhante – mas mesmo seus piores inimigos concordariam que, se a pessoa tivesse de comparar Ankh-Morpork a alguma coisa, poderia muito bem ser a um troço coberto das secreções pestilentas de um molusco doente, prestes a morrer.
Há cidades maiores. Há cidades mais ricas. Com certeza, há cidades mais bonitas. Mas nenhuma cidade em todo o multiverso ganharia de Ankh-Morpork em termos de cheiro.
Os antigos, que sabem tudo sobre universos e já sentiram o odor de Calcutá, !Xrc-! e Dauntocum Portomarte, concordam que mesmo esses belos espécimes de poesia nasal não passam de versinhos tolos quando comparados a glória do odor de Ankh-Morpork.
Falem de mendigos. Falem de alho. Falem da França. Falem à vontade. Mas se a pessoa não aspirou o ar de Ankh-Morpork em dia de calor, não sabe o que é cheiro.’

(: > Discworld

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

the gunslinger (tradução) demons & wizards

(O pistoleiro)


Canções a cantar.

Canto da tartaruga
E o grito do urso
Acordo
Eu posso sentir
Ainda estou com medo
A estrada para torre repousa à frente
Commala-venha-ka
Ka veio para mim
Velho e cinzento companheiro
Se você finalmente falhar no teste
O que isso significaria?
Nos estávamos chegando perto
Nos estávamos chegando perto
Dama da agonia.
A hora está chegando

Sumindo ao longe
Sumindo

“Diga obrigado” pelas vigas/feixes estarem a salvo, amigo
Longos dias e belas noites, para você

Salve-me.
O ultimo acorde
Não deixe acabar assim
Não, não assim
Diga-me
Quando tudo, por fim, saiu do alcance
Isto está fora do alcance

Embaraçado, sou capturado
Você me pôs um feitiço
O ultimo da linhagem
A linhagem de pistoleiros
O sacrifício da inocência.
Este trabalho precisa ser feito
Agora toque o chifre
Saudações à pistola

O que está feito, está feito.
Sim, não haverá volta.
Toda busca precisa de um fim
Todos saúdem o pistoleiro
Louve o dinh e o rei
Além do alcance, fora de controle

Salve-me.
O toque da rosa não irá lhe libertar
Sem volta.
Diga-me
Há outros mundos
Mas certamente não como este
O mundo está mudando

O que está feito, está feito
Sem volta.
A palavra é a lei
A lei é Ka.

O fim da estrada repousa
Bem em frente, ele repousa
Me sinto puro.
O fim da estrada repousa

O sacrifício da inocência.
As saudações à pistola
Meu caminho é morte e loucura
Agora deixe a torre vir

O que está feito, está feito
Sim, não haverá volta.
Toda busca precisa de um fim
Todos saúdem o pistoleiro
Louve o dinh e o rei
Além do alcance, fora de controle


Salve Commala-venha-laís
Fui obrigado a postar.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

criatividade ou conhecimento?

[...] Os dois olhavam boquiabertos para o terminal.

- Ora, porra - disse Majikthise -, isso que é pensar de verdade, o resto é conversa fiada. Me diga uma coisa, Vroomfondel, como é que a gente nunca tem uma idéia dessas?
- Sei lá - sussurou Vroomfondel, reverente. - Acho que é porque nossos cérebros são treinados demais, Majikthise.

E, assim, os dois se viraram e saíram da sala, prontos a viver um padrão de vida muito superior aos seus sonhos mais loucos.



Pra variar, o Guia do Mochileiro das Galáxias.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Conselho de quem sobreviveu 22 anos nessa terra de Deus.

Haviam lhe dito que, ao procurar por um bom oráculo, o ideal era encontrar o oráculo que os outros oráculos freqüentavam, mas ele estava fechado. Havia um aviso na entrada dizendo "Não sei mais nada. Tente aí do lado — mas isso é só uma sugestão, não um conselho formal de oráculo".
"Aí do lado" era uma caverna a alguns metros, e Arthur caminhou até lá. Fumaça e vapor subiam, respectivamente, de uma pequena fogueira e de uma panela de lata desgastada pendurada acima da fogueira. Saía um cheiro insuportável da panela. Ou, pelo menos, Arthur supôs que o cheiro viesse da panela. As bexigas dilatadas de algumas criaturas locais semelhantes a bodes estavam penduradas em um varal, secando ao sol, e o cheiro podia estar vindo dali. Havia também, preocupantemente próxima, uma pilha dos corpos descartados das criaturas locais semelhantes a bodes, e o cheiro também podia estar vindo de lá.
Mas o cheiro também podia tranqüilamente estar vindo da senhora que estava ocupada espantando as moscas da pilha de corpos. Era uma tarefa inglória, uma vez que cada mosca era do tamanho de uma tampinha de garrafa, com asas, e ela só tinha uma raquete de tênis de mesa. Parecia também ser meio cega. De vez em quando, por acaso, uma das suas pancadas enlouquecidas acertava uma das moscas com um safanão altamente satisfatório e a mosca zunia pelo ar, indo se estraçalhar na parede de rocha próxima à entrada da caverna.
Ela dava a impressão, pelo seu comportamento, de que sua vida girava em torno de momentos como aquele.
Arthur assistiu àquela performance exótica por um tempo, mantendo uma distância educada, e depois finalmente tentou tossir discretamente para chamar a atenção da mulher. A tosse discreta em tom cortês infelizmente obrigou Arthur a inalar mais ar local do que havia feito até então e, por causa disso, ele teve um acesso de expectoração estridente e caiu de encontro à rocha, engasgado e com o rosto coberto de lágrimas. Lutou para respirar, mas, cada vez que inalava, a situação ficava pior. Vomitou, engasgou novamente, rolou sobre o próprio vômito, continuou rolando mais alguns metros e, finalmente, conseguiu ficar de quatro e se arrastou, ofegante, em direção a um ar um pouquinho mais fresco.
— Com licença — disse ele. Recuperara um pouco de ar. — Sinto muito, muitíssimo mesmo. Estou me sentindo completamente idiota e... — Apontou constrangido para a pequena poça de seu próprio vômito, espalhada na entrada da caverna. — O que posso dizer? — perguntou ele. — O que dizer numa situação como essa?
Aquilo, pelo menos, chamou a atenção da mulher. Ela virou-se para ele, desconfiada, mas, por ser meio cega, teve uma certa dificuldade de distingui-lo na paisagem embaçada e rochosa.
Ele acenou, para ajudar.
— Olá! — disse ele.

Finalmente ela o localizou, resmungou entre dentes e voltou a dar pancadas nas moscas.
Estava terrivelmente aparente, julgando pela oscilação das correntes de ar conforme ela se mexia, que a principal fonte do fedor era ela. As bexigas no varal, os corpos pestilentos e a sopa insalubre certamente contribuíam violentamente para a atmosfera geral, mas a principal presença olfativa era a mulher em si.
Acertou outra pancada em uma das moscas. Ela se despedaçou contra a rocha e esvaiu-se em um filete líquido de uma forma que a mulher obviamente via, se é que enxergava até lá, como bastante satisfatória.
Vacilante, Arthur ficou de pé e se limpou com um punhado de grama seca. Não sabia mais o que fazer para anunciar sua presença. Chegou a pensar em ir embora de fininho, mas não achou de bom tom deixar um montinho de vômito na frente da casa dela. Pensou no que podia fazer a respeito. Começou a colher mais punhados da grama seca aqui e ali. Mas estava com medo de se aproximar do vômito e, em vez de limpar, aumentar mais a poça.
Justo enquanto estava debatendo consigo mesmo sobre qual seria a melhor coisa a fazer percebeu que a mulher estava finalmente falando com ele.
— Desculpe, o que a senhora disse?
— Eu perguntei em que poderia ajudar — disse ela, com uma voz fina e áspera que ele mal conseguia ouvir.
— É... eu vim pedir o seu conselho — respondeu ele, sentindo-se um pouco ridículo.
Ela virou-se para observá-lo, miopemente, depois voltou-se, tentou acertar uma mosca e errou.
— Sobre o quê? — perguntou a mulher.
— Como?
— Eu perguntei sobre o quê — repetiu ela, estridente.
— Bem — disse Arthur. — Conselhos genéricos, para falar a verdade. Estava escrito no folheto que...
— Humpt! Folheto! — resmungou a mulher. Ela já parecia estar sacudindo a raquete de maneira quase aleatória.

Arthur pescou o folheto, caindo aos pedaços, do bolso. Não sabia exatamente por quê. Já havia lido aquilo tudo e tinha a impressão de que ela não estava nem um pouco interessada em ler. Desdobrou-o assim mesmo, para ter uma coisa que pudesse olhar enquanto franzia a testa, pensativo, durante alguns minutos. O folheto prodigalizava as ancestrais artes místicas dos videntes e dos sábios de Hawalius, e falava, de forma altamente exacerbada, sobre o nível de acomodação oferecida por lá. Arthur ainda carregava uma cópia do Guia do Mochileiro das Galáxias consigo, mas estava achando, sempre que o consultava, que as entradas estavam ficando cada vez mais confusas e paranóicas, com vários xis e jotas e colchetes. Alguma coisa estava errada em algum lugar. Não sabia dizer se era apenas um problema com o seu exemplar, se algo ou alguém estava fazendo besteiras inomináveis ou tendo alucinações no centro da organização do Guia. Mas, de qualquer jeito, estava ainda menos disposto a confiar nele mais do que o normal, ou seja, não confiava nem um pouco e o usava, na maioria das vezes, como apoio quando queria comer um sanduíche sentado em uma pedra olhando para o além.
A mulher havia se virado e estava caminhando em sua direção. Arthur tentou, discretamente, analisar a direção do vento e movimentou—se um pouco enquanto ela se aproximava.
— Conselhos — disse ela. — Conselhos, né?
— É, isso mesmo — respondeu Arthur. — É, isso é...
Franziu a testa novamente para o folheto, como se para se certificar de que não havia lido errado e ido parar no planeta errado ou algo assim. Estava escrito: "Os amigáveis habitantes locais terão imenso prazer em compartilhar com você o conhecimento e a sabedoria dos ancestrais. Mergulhe com eles nos intrincados mistérios do passado e do futuro!" Havia também alguns cupons de desconto, mas Arthur estava constrangido demais para recortá-los e tentar entregá-los para alguém.
— Conselho, né? — repetiu a mulher. — Genéricos, você diz. Sobre o quê? O que fazer da sua vida, coisas assim?
— Exatamente — respondeu Arthur. — Coisas assim. Para ser sincero, tenho tido alguns probleminhas. — Estava esgueirando-se de maneira discreta, tentando desesperadamente aproveitar o vento. Ele se assustou quando ela se afastou bruscamente, dirigindo-se para a caverna.
— Você vai ter de me ajudar com a máquina de fotocópias então — disse ela.
— Com o quê? — perguntou Arthur.
— A máquina de fotocópias — repetiu ela, paciente. — Você precisa me ajudar a arrastá-la para fora. Ela é movida a energia solar. Mas eu tenho que guardá-la dentro da caverna, senão os passarinhos cagam tudo.
— Entendi — disse Arthur.
— Eu respiraria fundo, se fosse você — resmungou a senhora, pisando duro e adentrando a escuridão da caverna.
Arthur seguiu o conselho. Na verdade, inalou o máximo de ar que pôde. Quando sentiu que estava pronto, segurou a respiração e seguiu a mulher.
A máquina de fotocópias era uma tralha velha e pesada, apoiada em um carrinho bamboleante. Ficava imersa na penumbra da caverna. As rodinhas estavam obstinadamente emperradas em direções diferentes e o chão era irregular e pedregoso.
— Vai pegar um ar lá fora — disse a mulher. Arthur estava com o rosto vermelho, tentando ajudá-la a mover a máquina.
Ele balançou a cabeça, aliviado. Se ela não estava constrangida com aquilo, então ele estava decidido a não ficar também. Saiu da caverna e respirou fundo algumas vezes, voltando em seguida para continuar o trabalho pesado. Precisou repetir aquela estratégia algumas vezes até conseguir colocar a máquina para fora.
A luz do sol a atingiu em cheio. A mulher tornou a desaparecer caverna adentro e voltou carregando uns painéis de metal mosqueados, que ela conectou na máquina para captar a energia solar.
Ela olhou para o céu com os olhos semicerrados. O sol estava bem forte, mas o dia estava nublado.
— Vai demorar um pouquinho — avisou ela.
Arthur disse que esperava numa boa.
A senhora deu de ombros e marchou até a fogueira. O conteúdo da panelinha estava borbulhando. Ela remexeu com um pedaço de pau.
— Você não quer almoçar? — perguntou a mulher.
— Já almocei, obrigado — disse Arthur. — Não mesmo. Já almocei.
— Sei — disse ela. Continuou mexendo com o pedaço de pau. Alguns minutos depois, pescou um pedaço de alguma coisa, assoprou um pouco para esfriar e enfiou na boca.
Mastigou pensativa por alguns instantes.
Então, caminhou lentamente até a pilha das criaturas mortas semelhantes a bodes. Cuspiu o pedaço em cima da pilha. Voltou para a panela. Tentou removê-la do suporte parecido com um tripé onde estava encaixada.
— Quer ajuda? — ofereceu Arthur, levantando—se educadamente.
Correu até ela.
Juntos, conseguiram remover a tigela do tripé e a levaram desajeitadamente pela pequena descida até a saída da caverna, em direção a uma fileira de árvores raquíticas e retorcidas que delimitavam a área de uma vala íngreme, mas rasa, de onde emergiu toda uma nova gama de fedores.
— Preparado? — perguntou a senhora.
— Sim... — respondeu Arthur, embora não soubesse para quê.
— Um — disse a velha.
— Dois — continuou.
— Três — acrescentou.
Arthur percebeu, em cima da hora, o que ela queria fazer. Juntos, lançaram o conteúdo da panela dentro da vala.
Após uma ou duas horas de silêncio não-comunicativo, a senhora decidiu que os painéis solares já haviam absorvido luz o suficiente para fazer funcionar a máquina de fotocópias e desapareceu caverna adentro para procurar alguma coisa. Finalmente, reapareceu com algumas resmas de papel e as inseriu na máquina.
Entregou as cópias para Arthur.
— Estes são, ah, estes são seus conselhos? — perguntou Arthur, folheando as páginas, indeciso.
— Não — respondeu ela. — Essa é a história da minha vida. Sabe, a qualidade de qualquer conselho que uma pessoa pode dar deve ser avaliada de acordo com a qualidade da vida que essa pessoa levou. Ao examinar esse documento, você vai notar que eu sublinhei todas as principais decisões que precisei tomar, para destacá-las. Estão em ordem alfabética e tem um índice remissivo. Entendeu? Então, sugiro apenas que você tome decisões contrárias às que eu tomei, porque assim você talvez não termine sua vida... — ela fez uma pausa e encheu os pulmões para um bom grito — em uma caverna velha e fedorenta como esta!
Recolheu sua raquete de tênis de mesa, arregaçou as mangas, marchou em direção à pilha de criaturas mortas semelhantes a bodes e começou a espantar as moscas com vitalidade e vigor.



Eu realmente queria esse livro.


Bom então estou sobrevivendo a 22anos nessa terra(ou não).

2dias Laís.